sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

INTERVENÇÃO MILITAR: PERSPECTIVAS

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“Presença dos Militares pode desestabilizar o tênue equilíbrio de forças que mantêm uma precaríssima paz social no Rio”


Intervenção militar pode ampliar crise na segurança pública do Rio

Do Jornal GGN

Especialistas apontam sérios problemas que podem ser acirrados com o decreto de intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, assinado hoje pelo governo Temer. Em princípio, porque o exército não está conformado à realidade da segurança pública, como já demonstraram experiências anteriores no próprio Rio, onde as Forças Armadas já foram empregadas.

Em segundo lugar, a presença de generais no comando da Secretaria de Segurança pode causar o desprestígio das forças policiais militares e civis que, inclusive, sofrem com atrasos no pagamento de salários e condições de trabalho degradantes. Essa é a avaliação do professor do Departamento de Administração da FGVSP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani e do cientista político e professor do departamento de Gestão Pública da FGVSP, Marco Antonio Carvalho Teixeira, em artigo publicado no blog Gestão, Política & Sociedade, do Estado de S.Paulo.

Os docentes lembram que o Comandante do Exército, General Vilas Boas, já demonstrou preocupação com o emprego das tropas do exército para lidar com o problema da segurança pública e diversas vezes disse que essa não é a função das Forças Armadas.

Eles lembram, ainda, que experiências semelhantes no México e Colômbia "mostram que quando as tropas militares federais vão para as ruas cuidar de Segurança Pública a chance de se corromperem e não conseguirem resolver a situação é significativa", ressaltando que não é preciso ir longe: o Exército já foi empregado diversas vezes em ações pontuais do Rio.

Os professores se preocupam, principalmente, com o impacto da autoridade do Exército sobre comandantes da Secretaria de Segurança Públicas das polícias militares e civis avaliando que "a presença dos Militares pode desestabilizar o tênue equilíbrio de forças que mantêm uma precaríssima paz social no Rio de Janeiro, levando a mais confrontos entre traficantes, policiais e exército e deixando a população a mercê desta guerra".

A solução da crise de segurança no Rio, para Alcadipani e Carvalho Teixeira, deve partir de outras pontas como o uso da inteligência policial - com salários em dia e condições dignas de atuação -, e estratégias para "sufocar economicamente o crime organizado a ponto de eliminar alguma influência que ele tenha junto aos poderes do Estado".

"O Rio de Janeiro é a prova viva de que a Guerra contra as Drogas nos moldes até o momento existentes fracassou" afirmam, complementando que o Estado brasileiro deve pensar "de forma ousada" a regulamentação do mercado das drogas.  -  (Aqui).

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