terça-feira, 12 de setembro de 2017

O OLHO GRANDE SOBRE A PETROBRAS


Ligando os pontos

Por Florestan Fernandes Jr

Em 2007 a Petrobras descobre campos enormes de petróleo em águas ultra-profundas do nosso litoral. Uma reserva de mais de 80 bilhões de barris de petróleo. 
Um ano depois, em janeiro de 2008, foram roubados 4 laptops e 2 HDS com informações sigilosas da bacia de Santos. Dados de 30 anos de pesquisas da Petrobras no valor estimado de 2 bilhões de dólares. 
Em 30 de outubro de 2009, o WikiLeaks, uma organização transnacional com sede na Suécia, publica em sua página informações “vazadas” de governos e empresas assuntos estratégicos de interesse público. No documento, o nome do juiz Sérgio Moro é citado como participante de uma conferência promovida pelo programa Bridges Project (“Projeto Pontes”), vinculado ao Departamento de Estado Norte-Americano, cujo objetivo era “consolidar o treinamento bilateral [entre Estados Unidos e Brasil] para aplicação da lei”.
Em 2013, uma semana após notícias de que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi espionada pela CIA, o ex-consultor da agência de inteligência americana Edward Snowden indicou que os EUA espionavam também a Petrobras. Em junho de 2013 a “Operação Lava Jato” tem início com o monitoramento das conversas de doleiros no Paraná. Em março de 2014 é deflagrada a primeira fase ofensiva da operação que iria derrubar a presidente da República, paralisar a Petrobras, a economia do país e sucatear os estaleiros responsáveis pela construção de plataformas e as fabricas de sondas de perfuração. Tudo com a cobertura massificante dos nossos meios de comunicação.
Lá se vão 4 anos de uma lavagem que levou para o ralo milhões de empregos, milhares de empresas públicas e privadas e quase todos os avanços sociais e econômicos. O "novo" velho governo já extinguiu uma reserva ambiental em território de quase quatro milhões de hectares para atividades privadas de mineração. Anunciou a venda da gigante de energia elétrica Eletrobras, da Casa da Moeda e, pasmem, vai oferecer ao mercado em leilões que pretende realizar a partir de 2018 campos de óleo e gás da Petrobras.
Ao todo, 21 áreas, com descobertas de petróleo e gás, serão liberadas para petroleiras internacionais. Parte desses poços está localizada nas três bacias produtoras mais nobres da empresa brasileira - Campos, Santos e Espírito Santo. Nesta quarta-feira 6, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou em seu depoimento ao juiz Sergio Moro que a descoberta do pré-sal fez mal para o Brasil. Como o pré-sal, responsável por mais da metade da produção brasileira, poderia fazer mal ao país? A afirmação é um claro sinal de submissão aos interesses estratégicos das forças que patrocinam a venda da empresa brasileira. Para que o Brasil permaneça de joelhos é necessário agora impedir a chegada ao poder de grupos desenvolvimentistas comprometidos com a defesa das nossas riquezas. Por isso a eleição de 2018 é incerta e temerosa. Como disse está semana o ex-ministro Bresser Pereira: "O Brasil está se condenando a ser uma economia de propriedade dos países ricos. E nós seremos todos empregados".  -  (Fonte: aqui).

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Consta que todos os presidentes norte-americanos, independentemente do partido a que pertençam, assumem o dever cívico de defender mundo afora os interesses dos conglomerados econômico-financeiros nacionais. Razão pela qual soaria como conto de carochinha a história de que o Brasil é pouco interessante à Metrópole, que nada sobre ele é percebido por Tio Sam. A geopolítica tem dessas sutilezas. A Venezuela, p. ex., a despeito de ser a campeã mundial em reservas certificadas de petróleo (297 BILHÕES de barris, posição em dezembro de 2016), também não despertaria o mais remoto interesse à Metrópole... 
Voltando ao Brasil, e focalizando um único segmento, a título exemplificativo: que empresa norte-americana atuante em produção de equipamentos de alta tecnologia abriria mão das apetitosas oportunidades negociais apresentadas pelo Brasil após as exitosas iniciativas desenvolvidas a partir do governo Lula?
Portanto, nada mais 'natural'. Afinal, business is business...

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