quarta-feira, 16 de agosto de 2017

OS GÊNIOS DO DATA VÊNIA DESCONHECEM O MEDO DO RIDÍCULO


Um país que perdeu o medo do ridículo

Por Luis Nassif

Em São Paulo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima discorre sobre história do Brasil. Fala dos degredados que incutiram nos brasileiros a malandragem atávica, poupando apenas os procuradores.
Em algum lugar do Brasil, o Ministro Luís Roberto Barroso cita Faoro e Buarque e o grande pensador Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo, para discorrer sobre reforma trabalhista e sobre a malandragem brasileira, que poupou apenas o Supremo  
No Twitter, o procurador Hélio Telho rebate o economista Paulo Rabello de Castro e diz que ele (Telho) precisa ensinar capitalismo de verdade a esses capitalistas de compadrio.
Seu colega goiano, Ailton Benedito, da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, afirma, no Twitter, que os nazistas eram socialistas, porque seu partido se chamava Nacional Socialismo e em que breve os socialistas-nazistas brasileiros matarão os cidadãos nacionais.
Não bastassem os atentados ao estado de direito, a invasão da política, esses gênios do data vênia resolvem agora enveredar por todos os campos do conhecimento, com a mesma desenvoltura de um Romário, de Neymar falando platitudes. Tornaram-se celebridades e se sentiram no direito de falar bobagens e não serem cobrados, como fazem as celebridades, que são inimputáveis.
Onde se vai parar esse exibicionismo maluco? Daqui a pouco estarão discorrendo sobre a Teoria da Relatividade, como Ayres Britto. Quando a imprensa terá coragem de dizer para esses gênios que o espaço dado a eles é apenas utilitarista, porque ajudam no seu jogo político e que sua militância intelectual é ridícula e expõe o próprio poder ao qual pertencem?
Esse mundo de faz-de-conta da mídia criou egos tão monumentais, que, além de discorrer sobre os degredados portugueses, Carlos Fernando se viu com o poder de puxar a orelha da futura Procuradora Geral da República! E tudo isso do alto da autoridade conferida por uma cobertura displicente, que não consegue diferenciar o canto da cotovia do zurrar de um jumento.
Dia desses, um desses procuradores estava indignado porque a Polícia Federal tomou medidas internas sem pedir sua opinião.
Ontem anunciou-se que o bravo Ministério Público Federal está proporcionando cursos de Twitter para o procurador que quiser se aventurar. Para quê? Para que exercitem uma militância nociva, politizando as discussões, agindo como partido político com militantes de egos exacerbados?
Para prestar apenas contas de seus atos, não será, porque senão não se permitiria a Dallagnol e outros militantes o uso do Twitter para ataques ao Congresso, por pior que seja, aos advogados e aos críticos da Lava Jato.
É um pesadelo sem fim. Quando se envereda pelo caminho do ridículo, com a sem-cerimônia dos néscios, é porque se chegou ao fim da linha.  -  (Fonte: Jornal GGN - aqui).
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O post acima está chegando aos 100 comentários, prenhes de ironia, alguns indo ao escárnio, merecidamente. Limitamo-nos a transcrever um deles, em que o leitor Alan Souza centraliza sua crítica em dois tópicos (um dos quais aludindo a Umberto Eco):
"Antigamente havia o idiota da aldeia. Ele vociferava suas sandices na praça do coreto e ninguém ligava. Hoje, as mídias sociais dão o direito da palavra a uma legião de imbecis. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade."
"Os imbecis antigamente falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. Normalmente eles eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel".
("REDES SOCIAIS DERAM VOZ A LEGIÃO DE IMBECIS",  por Umberto Eco - AQUI).

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Alan (Eco) Souza nos pareceu demasiadamente enfadado frente à enxurrada de 'lições' diariamente ministradas por celebridades as mais diversas. Mas o fato é que a vaidade e a ausência de escrúpulos seguem uma trajetória ascendente, que tende a recrudescer à medida que 2018 se aproxima. Resta-nos, na qualidade de meros observadores, parafrasear Fernando Sabino e, resignados, dizer: Deixem o Alfredo falar! 

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