quarta-feira, 21 de junho de 2017

O CASO DO ESPIÃO CUJO NOME ENTROU NA AGENDA NACIONAL


Deu no New York Times: o caso do espião da CIA cuja identidade foi revelada em Brasília

O que fala o Times:
"Oficiais de inteligência que gostariam de ser transferidos para o Brasil, tomem nota: uma simples reunião pode tirar sua cobertura.
O establishment político do Brasil foi surpreendido na segunda com a revelação aparentemente casual da identidade de um funcionário da CIA na capital, Brasília, pelo gabinete do general Sérgio Westphalen Etchegoyen, o principal funcionário de inteligência do país.
A equipe do general Etchegoyen mencionou o agente pelo nome e descreveu seu posto como “chefe” da CIA em Brasília em uma agenda publicamente disponível das reuniões do espião no dia 9 de junho.
A revelação de um agente da CIA dessa maneira é altamente incomum, dado o segredo com o qual os espiões devem operar.
Mas o gabinete do general Etchegoyen disse em um comunicado que os funcionários são obrigados a divulgar sua agenda de acordo com a lei de liberdade de informação do Brasil, promulgada em 2011.
Os nomes e funções são registrados para observar o “princípio da publicidade” consagrado na Constituição brasileira, afirmou em comunicado.
Na mesma declaração, o estafe do general descreveu a reunião como uma “visita de cortesia” porque o funcionário da CIA estava encerrando suas atividades no Brasil.
Em Washington, o porta voz da CIA se recusou a comentar o assunto.
“Nós vimos os relatórios”, disse uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, explicando que a embaixada não pôde confirmar ou negar.
A lei dos Estados Unidos trata como crime federal revelar a identidade de agentes secretos de inteligência, e o governo Obama combateu tais vazamentos.
Ainda assim, o episódio em Brasília ofereceu um lembrete de que as agências de inteligência em outros países podem ter que adaptar-se a regras diferentes.
A Agência Brasileira de Inteligência, ou Abin, foi criticada por divulgar a identidade das pessoas que tentam tornar-se agentes, enquanto os chefes de espiões brasileiros se queixaram da facilidade com que os agentes da inteligência são convocados a aparecer em audiências do Congresso que são televisionadas.
“O Brasil não é talhado para grandes maquinações do poder”, disse João Augusto de Castro Neves, analista político que encontrou a informação sobre a agenda do General Etchegoyen em um boletim informativo e enviou uma mensagem no Twitter sobre sua descoberta.
“Eu decidi realmente ler a coisa e notei [o nome do agente]”, disse Castro Neves, diretor para a América Latina do Eurasia Group, uma consultoria de risco político.
A revelação ofereceu uma distração de outros problemas enfrentados pelo governo do presidente Michel Temer, que tentava reestruturar o serviço de inteligência do Brasil desde que subiu ao poder no ano passado após a saída de sua antecessora, Dilma Rousseff.
O Sr. Temer, um líder profundamente impopular, está resistindo aos apelos para renunciar depois que foi gravado parecendo endossar a obstrução de investigações anticorrupção.
Curiosamente, essa pode não ser a primeira vez em que a identidade de um agente da CIA foi revelada no Brasil de forma tão casual.
O estafe do diretor da Polícia Federal divulgou o nome de pessoas que se diziam dois funcionários da CIA, incluindo o mesmo espião que está no centro da revelação deste mês, em uma publicação da agenda de 11 de julho de 2016."  -  (Fonte da tradução: aqui).
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Entreouvido nos bastidores: "Bem, ao menos por um fugaz instante, conseguiu-se reformular a velha máxima de Juraci Magalhães para: 'O que é bom para o Brasil não necessariamente é bom para os Estados Unidos'!

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