segunda-feira, 20 de março de 2017

UM NOVO SETOR NA MIRA DO MASSACRE


"Não há muito que falar. Apenas quero me unir aos que estão alertando. A tal “operação carne fraca” mostrou como é mal-intencionado o discurso que criminaliza “os políticos”, pois quem corrompe esses políticos são empresários e ninguém os estigmatiza.
Em segundo lugar, a Lava Jato vem servindo para massagear o ego de membros do Ministério Público e do Judiciário e para exterminar políticas públicas voltadas ao social, à distribuição de renda e à valorização do trabalho assalariado, pois substituiu um governo voltado para o social por outro antissocial.
Na última sexta-feira, a Lava Jato divulgou um balanço de quantos prendeu e condenou e de quanto dinheiro roubado recuperou.
Para resumir e simplificar: para recuperar cerca de 500 milhões de reais, a Lava Jato provocou uma paralisia da economia que gerou prejuízos da ordem de centenas de bilhões de reais. E ninguém acredita que a corrupção vai terminar por causa disso.
Um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira era o setor da construção pesada. Usinas hidrelétricas, estradas, portos, aeroportos, hospitais etc. Esse setor era tão desenvolvido no Brasil que conquistou o mundo.
As empreiteiras brasileiras eram potências que geravam divisas e elevavam alto o nome do Brasil.
Roubavam tanto quanto milhões de outras empresas brasileiras que sonegam impostos e pagam propinas e nem por isso sofrem a mesma demolição.
Para quem não sabe, as empreiteiras brasileiras vão acabar todas nas mãos da China. As negociações estão adiantadas. Com isso, uma parcela gigantesca do PIB brasileiro vai para o vinagre.
Agora, é outro setor que afundou. O setor de carnes é um dos mais dinâmicos do país. Nossas carnes ganharam o mundo. Grupos como Friboi e BRF são vitais para o Produto Interno Bruto brasileiro e, assim como as empreiteiras, com o massacre de sexta-feira vão acabar na mão dos gringos.
Ninguém é a favor da corrupção a não ser os corruptos. E corrupção é o que não falta no Brasil. Mas querer que o combate à corrupção seja eficiente é uma coisa, querer que ele seja destrutivo, que jogue fora a água do banho da criança com a criança junto é outra.
Não era necessário o espalhafato da operação Carne Fraca. Tudo poderia ter sido feito na surdina, os culpados punidos, mas sem destruir a imagem do setor.
Quem vai lucrar com isso é a concorrência europeia, entre outras.
Os gringos virão cheios de dólares e comprarão nossas empresas a preço de banana enquanto nossos trabalhadores estarão afundados em jornadas intermináveis de trabalho sem direitos trabalhistas e recebendo salários aviltados.
A Lava Jato e os golpistas que favoreceu estão devolvendo o Brasil ao século 19. Vai demorar décadas para consertar o estrago que essa praga de gafanhotos fez, faz e ainda irá fazer, porque o ego dos investigadores ainda não foi suficientemente massageado."   



(De Eduardo Guimarães, post intitulado "Lava Jato vai devolver o Brasil ao século 19", publicado no Blog da Cidadania AQUI -, de que é titular.
Até ontem, quando os mais atentos percebiam os estragos que a Operação estava a impor aos interesses nacionais, dizia-se que isso era inevitável, decorrência natural da situação vergonhosa a que chegara a intimidade perniciosa entre economia e atividades partidárias, e que o cumprimento do dever suplantava quaisquer outras questões etc., etc. E agora, com a Carne Fraca? Como se explica tanta precipitação, tanto estardalhaço, tanta ausência de sensatez diante do comportamento reprovável de pouquíssimos servidores num universo amplo? Somente uma das diversas empresas arroladas foi investigada 'in loco', as demais entraram no buraco negro a partir de interceptações telefônicas e dos critérios de interpretação de seu conteúdo, interpretação, aliás, sujeita a eventual problema de miopia, como a atinente ao uso de papelão como recheio de carne - que parece infundada.
Por quantos anos as empresas nacionais tiveram de se empenhar para ganhar espaço no mercado externo? Quem está feliz com o desastre, além dos concorrentes dessas empresas? Quantos dias ou anos as empresas nacionais e as autoridades terão pela frente visando ao resgate de seus parceiros mundo afora e dos consumidores? Quantos empregos poderão deixar de ser gerados? Quais os impactos na cadeia produtiva nacional e sobre o PIB? 
E o pior é que ainda há quem defenda os absurdos perpetrados pelos donos da verdade).

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