segunda-feira, 16 de novembro de 2015

SOBRE O VETO ÀS NOTÍCIAS POSITIVAS


"Em todos os lugares que compareço para realizar minhas palestras, eu sou questionado: "Por que vocês da imprensa só dão 'notícia ruim'?"

O questionamento por si só, tantas vezes repetido, e em lugares tão diferentes no território nacional, já deveria ser motivo de profunda reflexão por nossa categoria. Não serve a resposta padrão de que "é o que temos para hoje". Não é verdade. Há cinismo no jornalismo, também. Embora achemos que isto só exista na profissão dos outros.

Os médicos se acham deuses. Nós temos certeza!

Há uma má vontade dos colegas que se especializaram em política e economia. A obsessão em ver no Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo.

O "ministro" Delfim Netto, um dos mais bem humorados frasistas do Brasil, disse há poucas semanas que todos estamos tão focados em sermos "líquidos" que acabaremos "morrendo afogados". Ele está certo.

Outro dia, Delfim estava com o braço na tipoia e eu perguntei: "o que houve?". Ele respondeu: "está cada vez mais difícil defender o governo".

Uma trupe de jornalistas parece tão certa de que o impedimento da presidente Dilma Rousseff é o único caminho possível para a redenção nacional que se esquece do nosso dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a verdade, ser fiel ao ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode vir a ser o nosso desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem nos enlouquecer também.

O Governo acumula trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Da mesma forma que os acertos também devem ser publicados. E não são. Eles são escondidos. Para nós, jornalistas, não nos cabe juízo de valor do que seria o certo no cumprimento do dever.

Se pesquisarmos a quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e "soluções" que quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.

Reconheço a importância dos comentaristas. Tudo bem que escrevam e digam o que pensam. Mas nem por isso devem cultivar a "má vontade" e o "ódio" como princípio do seu trabalho. Tem um grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na "igrejinha", ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaizinhos.

Certa vez, um homem público disse sobre a imprensa: "será que não tem uma noticiazinha de nada que seja boa? Será que ninguém neste país fez nada de bom hoje?". Se depender da imprensa brasileira, está muito difícil achar algo positivo. A má vontade reina na pátria.

É hora de mudar. O povo já percebeu que esta "nossa vibe" é só nossa e das forças que ganham dinheiro e querem mais poder no Brasil. Não temos compromisso com o governo anterior, com este e nem com o próximo. Temos responsabilidade diante da nação.

Nós devemos defender princípios permanentes e não transitórios.

Para não perder viagem: por que a gente não dá também notícias boas?"







(Do jornalista Sidney Rezende, em seu blog, texto intitulado "Chega de notícias ruins", reproduzido no Jornal GGN - aqui.

O post foi publicado em 12 de novembro. No dia 13, a Globo emitiu nota informando a demissão de Rezende, que trabalhou durante 18 anos nas Organizações Globo, mais precisamente na GloboNews.

A certa altura, o jornalista observa, sobre a postura dos comentaristas: "Tem um grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na 'igrejinha', ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaizinhos."

Talvez a observação devesse ser estendida, incluindo os demais confrades, e a frase fosse ampliada para "Tem um grupo grande de jornalistas que, para ser aceito pela empresa, simplesmente se inscreve na 'igrejinha', ganha carteirinha da banda de música...".

A propósito da questão da parcialidade da mídia, vale registrar o trecho a seguir, pinçado da entrevista concedida pelo jornalista Paulo Henrique Amorim ao jornal Meio Norte, desta Capital, edição de ontem, 15 - AQUI -:

"Essa hegemonia é prejudicial para o Brasil? Essa hegemonia da Globo ela é daninha, a Globo contribui para envenenar o Brasil, ela envenena o Brasil de várias maneiras, divulgando informações falsas e impedindo que informações úteis sejam divulgadas, por exemplo, você jamais verá na Globo uma reportagem nacional sobre o boom e a fabulosa expansão da indústria da energia eólica no Piauí, porque isso é uma boa notícia e a Globo só se interessa por más notícias; além de fazer essa censura e selecionar o noticiário de maneira nociva, a Globo dissemina, ela expande, propala o ódio, ela acirra as contradições na sociedade e faz um trabalho sistemático, diuturno, incansável, de criminalizar uma parcela importante da política brasileira.
Você citou a expansão da indústria eólica no Piauí, os dados de emprego e desemprego também se destacam no Estado, com o crescimento de 0,54% no número de contratados nos últimos doze meses, o que representa mais de 1,6 mil postos de trabalho abertos; esse desempenho favorável do Piauí prova que é possível continuar no caminho do desenvolvimento, apesar das dificuldades? A economia foi contaminada pelas divergências políticas? Essa crise é da Globo e na Globo, se você desligar a Globo, o Brasil melhora, você jamais verá uma notícia sobre o ritmo do emprego no Piauí, jamais verá uma notícia sobre a expansão econômica no Piauí, nordestina de maneira geral, eu estive recentemente no interior da Bahia e é pujante a situação econômica, a cidade de Juazeiro, que fica diante de Petrolina, tem o segundo melhor índice de emprego no Brasil, e ninguém diz nada, a agricultura que vem subindo pelo Sul do Piauí nessa fabulosa região do Matopiba (nota deste blog: Matopiba: acrônimo de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia: uma das regiões campeãs nacionais de produção agrícola: são 34 milhões de ha agricultáveis; na safra 2013/2014, produziu 19 milhões de toneladas de grãos), isso jamais será notícia na Globo, a soja que tomou conta do Cerrado jamais será notícia lá, porque isso é muito bom, significa que o Brasil conseguiu produzir grão no Cerrado, e antigamente os professores de geografia diziam que só se produzia grãos em zonas temperadas, nós estamos aqui em Teresina com quase 40 graus e lá embaixo no Sul do Estado estão produzindo soja, ou seja, o Brasil e o Piauí desmentiram a teoria da geografia, porque tem a Embrapa, porque tem o agricultor, porque tem o Governo que dá apoio, porque tem o empresário, tem a pesquisa, isso não interessa a Globo, o jornalismo da Globo é para mostrar um Brasil ladrão, sem-vergonha, mesquinho, incompetente, u Brasil sujo, que envergonha o mundo, então vão lembrar agora dois depoimentos de americanos famosíssimos que estiveram agora no Brasil, um em São Paulo e outro em Brasília, o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, que é colunista do jornal The New York Times, um jornalzinho de quinta categoria perto do Globo esse gigante da imprensa mundial (em tom irônico), ele acabou de dizer ‘que pessimismo, o Brasil vai virar a esquina, virar a curva daqui a dois anos e vai voltar a ser uma grande economia’, e o Bil Clinton, que se dizia amigo íntimo do Fernando Henrique, que é um urubu, o Fernando Henrique se tornou um urubu, uma ave de mau agouro, movido pelo ressentimento e a inveja, o Bill Clinton disse ‘não vejo porque esse pessimismo, a situação no Brasil é melhor do que em centena de países, então é preciso que o Bill Clinton e o Paul Krugman venham aqui dizer o que nós sabemos, mas que a Globo interdita."). 

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