segunda-feira, 30 de novembro de 2015

SOBRE DEAN ACHESON, CULTOR DA CARTA DOS DIREITOS DOS EUA


O que Dean Acheson teria a ensinar ao Judiciário brasileiro

Por Luis Nassif

Em junho de 1952 o Rio recebeu a visita do Secretário de Estado norte-americano Dean Acheson.
Dean G. Acheson era uma figura portentosa, da melhor tradição de Yale.  Ele havia sido discípulo do grande constitucionalista Louis D. Brandeiss, primeiro juiz judeu da Suprema Corte americana, de 1916 a 1939. Recém-formado, chegou a trabalhar com Franklin Delano Roosevelt, em seu primeiro governo. Pediu demissão quando Roosevelt resolveu manobrar com ouro para desvalorizar o dólar.
Serviu como assistente de secretário de quatro Secretários responsáveis pela política externa norte-americana: Cordel Hull, Edward R. Stettimius Jr.,  James F. Byrnes e o General George Marshall.
A relação de feitos era enorme. Em 1939 chefiou uma comissão incumbida da desburocratização do Judiciário. Em janeiro de 1941 o relatório foi classificado pelo “New York Times” como “um marco na história da reforma administrativa”. Também ajudou a criar a UNRRA – a grande organização incumbida de realocar refugiados de guerra, responsável pela colocação de 8 milhões de pessoas.  Chefiou a delegação americana na conferência de Atlantic City, e depois foi eleito por unanimidade presidente do Conselho.
Em 1944 foi um dos representantes dos Estados Unidos na Conferência de Bretton Woods, autor do relatório Acheson-Lilenthal, que serviu de base para o Plano Baruch de controle da proliferação nuclear.
Acheson foi melhor apreciado postumamente. Foi o principal redator do plano Marshall, da doutrina Truman, e mentor da intervenção no Líbano. Ditou a política externa americana de janeiro de 49 a 52. Mas nos tempos do macartismo era considerado de esquerda.
Sua visita ao Rio, trazido pelo embaixador Walther Moreira Salles, foi uma celebração da melhor tradição democrata norte-americana.
O diário “A Noite” celebrou com uma edição especial. Nas páginas internas, sob o título “Uma Carta dos Direitos dos Estados Unidos”. No Brasil da Lava Jato, uma boa lição esquecida:
                     (Clique na ilustração, para ampliá-la).
(Fonte: aqui).
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Ressalto o comentário de André Araújo:
Dean Acheson foi um dos Six Wise Men, título de um livro célebre de Walter Isaacson e Evan Thomas onde são narradas as carreiras interligadas de seis personagens que criaram o poder imperial americano no Século XX. Acheson é um deles, juntamente com John Mc Cloy, Robert Lovett, George Marshall, Averrel Harriman, Charles Bohlen e George Kennan.
Essas grandes personalidades serviram ao seu País com grande visão e inteligência. Acheson teve importante papel no começo da Guerra Fria; tenho suas memórias, PRESENT AT THE CREATION - My Years in the State Department, editora W.W.Norton de 1969, quase 800 páginas.
Eram homens sábios que sabiam balancear princípios e necessidades, uma percepção prática sem fanatismos ou olhar estreito. Homens dessa qualidade fazem hoje muita falta nos Estados Unidos, hoje um viveiro de mediocridades no governo; uma baixa de qualidade impressionante e que parece ser universal.

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