quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A MÍDIA E A CORRENTEZA DO PENSAMENTO ÚNICO


O copo meio vazio da mídia

Por Assis Ribeiro

Não são os empresários da mídia que devem se preocupar com a baixa qualidade dela. O capital migra com facilidade.
A preocupação deveria ser dos seus jornalistas. Aliás, muitos já começaram a perder seus empregos.
Os meios de informação não mais conseguem diferenciar a informação do entretenimento.
O apelo às emoções, dramatização excessiva da atualidade, ou mesmo a publicação de pura ficção fazem parte do jornalismo cotidiano, o que transforma os jornalistas em recreadores públicos.
Os jornalistas e os meios de comunicação não levam mais em conta a complexidade dos assuntos.  Acham-se na obrigação de fazer depressa e de entreter, logo, de simplificar.
Dessa forma nasce o abuso de estereótipos, a divisão em bons e maus, a redução dos fenômenos a indivíduos pitorescos. A mídia das imagens incompletas, frequentemente deformadas, que podem gerar sentimentos e comportamentos lamentáveis.
A mídia promove o emburrecimento de suas matérias, onde notícias que necessitariam de mais informações são oferecidas sem profundidade visando fixar nos seus ouvintes e leitores a matéria de forma pronta e acabada, impossibilitando qualquer reflexão.
Esse formato limita a formação de uma ideia própria e quem consome as informações diárias realmente acredita que está em dia com a notícia ou com a realidade nacional, quando, na verdade, está sendo levado pela correnteza de um pensamento único, direcionado, pronto e acabado. O leitor ou ouvinte será apenas mais uma peça articulada para o consumo, engolindo, sem perceber, uma programação inócua a princípio, mas nefasta em longo prazo.
A mídia opta por um mosaico absurdo de pequenos acontecimentos, deixando de explicar os mecanismos do mundo moderno e relacionar os acontecimentos cotidianos com o jogo das forças profundas que determinam o destino da sociedade.
Para que surja uma imprensa de qualidade seria preciso que cessasse a agitação frequente dos meios e dos jornalistas que procuram ser os primeiros ao invés dos melhores - a ponto de fabricarem o acontecimento.
É preciso que a mídia busque a realidade sob as aparências.
O copo meio vazio - dos meios de comunicação enfatizarem o desentendimento, o conflito, o confronto, o drama e o insucesso - forma uma sociedade negativista, não cidadã, alheia aos verdadeiros problemas do seu entorno. Destacam-se os problemas ao invés das soluções; destacam - se o bizarro e o criminoso mais do que as grandes realizações, como se os jornalistas se deleitassem com as trapaças, os assassinatos, as falências, o caos, mantendo a população acuada e sem esperanças. O cinismo substitui um ceticismo necessário.
Apenas vendo o copo meio vazio, o cidadão adquire uma visão deprimente, parcial, normalmente direcionada, e incompleta, da realidade.
A força da mídia é um fato consumado. Seu poder, no entanto, não tem origem num contrato social ou em uma delegação popular; por isso, em qualquer democracia, é importante discutir os mecanismos éticos que devem orientar o ciclo da informação, impedindo que este fuja do controle da sociedade. (Fonte: aqui).

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Amargos entreouvidos :


"De fato. Certa mídia, quando opta pela manipulação, se supera: Mãos à obra!, exultam seus próceres, sem mãos a medir".


"Imprensa é oposição - mas não se está falando aqui em oposição ao patrão, óbvio!"


"H. L. Mencken, hoje, estenderia aos veículos da mídia o que dizia sobre os livros: 'O principal conhecimento que se adquire lendo (vendo ou ouvindo a mídia) livros é o de que poucos (veículos da mídia) merecem ser lidos (vistos ou ouvidos)'".


"Não importa se o rio está ou não para peixe, o importante é saber como, quando preciso for, escamotear a verdade!"

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