segunda-feira, 6 de abril de 2015

CHINA: DE OLHO NAS OPORTUNIDADES


"Você abre os grandes sites e, de Petrobras, só lê desgraça.

Não fica sabendo, por exemplo, que as ações da empresa sobem 5%, o que saberia se fosse uma queda de 5%.

Nem que as ações da empresa ultrapassaram, pela primeira vez desde o início do ano, a marca de R$ 10.

A ultima vez que valeram mais que isso, na Bolsa (valem, de fato, muito mais) foi no dia 15 de dezembro.

Pode ser que caia um pouco, pois vai ter muita gente que comprou a R$ 8, no fim de janeiro, vendendo para realizar um lucro nada desprezível de quase 30% em dois meses.

Tudo porque, na notícia que não se dá com destaque, o Banco de Desenvolvimento da China (uma espécie de BNDES deles) deu um empréstimo de US$ 3,5 bilhões à Petrobras, o que resolve quase um terço de seus problemas de financiamento para investimentos.

E não deu de “bonzinho”, porque chinês não é bonzinho, mas é bom de aproveitar oportunidades.

Embora os detalhes do negócio não tenham sido divulgados, ainda, é certo que é grana vinculada a contratos de exportação firme de petróleo para os chineses, que não dispõe dele em todas as suas necessidades e  não querem ficar exclusivamente presos à importação do  barril de pólvora do Oriente Médio.

De lá vem metade de suas importações de petróleo. Ou 60%, se colocarmos a Rússia no saco.
Mas qual é a diferença entre o interesse da China no petróleo e o mesmo desejo dos EUA?

Simples. Eles querem o petróleo, muito mais que a cadeia produtiva do petróleo para suas empresas.
Para as petroleiras chinesas entrarem, ainda assim timidamente, na parcela aberta da exploração de petróleo no Brasil é um custo.

Até nos 20% que duas empresas chinesas dividiram no leilão de Libra, associadas à Petrobras, tinha um chinês lá, marcando em cima o consórcio, para o caso de aparecer alguém querendo dar mais que o lance mínimo. Só sossegou quando abriram o envelope e o recheio do “pastel” era o combinado.

Não estão nem aí para especulação, estão atrás de negócios estratégicos."






(De Fernando Brito, em seu blog, post intitulado "Notícia boa é só para os espertos. Para os bobos, tome desgraça" - aqui -, publicado no início do mês.


A leitura do ambiente estratégico-negocial é precisa: a China cuida de ampliar sua presença no Cone Sul, entre outros pontos do mundo, porque é compelida a isso: suas necessidades de petróleo e grãos são enormes. A Venezuela, p. ex., está aqui; é dona das maiores reservas mundiais de petróleo. O Brasil produz grãos, minério... A China faz o diagnóstico, age - e ouriça Tio Sam, que sutilmente vem reagindo.

Quanto ao problema no Oriente Médio, o drama não se resume ao "barril de pólvora". Reside também na influência exercida pelos Estados Unidos sobre a Arábia Saudita, maior produtor mundial de petróleo e 'autora' da queda recorde do preço do barril).

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