domingo, 22 de março de 2015

O BRASIL E A ÁGUA


Maior aquífero do mundo fica no Brasil e abasteceria o planeta por 250 anos

Por Carlos Madeiro

Imagine uma quantidade de água subterrânea capaz de abastecer todo o planeta por 250 anos. Essa reserva existe, está localizada na parte brasileira da Amazônia e é praticamente subutilizada.

Até dois anos atrás, o aquífero era conhecido como Alter do Chão. Em 2013, novos estudos feitos por pesquisadores da UFPA (Universidade Federal do Pará) apontaram para uma área maior e nova definição.

"A gente avançou bastante e passamos a chamar de SAGA, o Sistema Aquífero Grande Amazônia. Fizemos um estudo e vimos que aquilo que era o Alter do Chão é muito maior do que sempre se considerou, e criamos um novo nome para que não ficasse essa confusão", explicou o professor de Instituto de Geociência da UFPA, Francisco Matos.

Segundo a pesquisa, o aquífero possui reservas hídricas estimadas preliminarmente em 162.520 km³ --sendo a maior que se tem conhecimento no planeta. "Isso considerando a reserva até uma profundidade de 500 metros. O aquífero Guarani, que era ao maior, tem 39 mil km³ e já era considerado o maior do mundo", explicou Matos.


O aquífero está posicionado nas bacias do Marajó (PA), Amazonas, Solimões (AM) e Acre --todas na região amazônica-- chegando até a bacias sub-andinas. Para se ter ideia, a reserva de água equivale a mais de 150 quatrilhões de litros. "Daria para abastecer o planeta por pelo menos 250 anos", estimou Matos.

O aquífero exemplifica a má distribuição do volume hídrico nacional com relação à concentração populacional. Na Amazônia, vive apenas 5% da população do país, mas é a região que concentra mais da metade de toda água doce existente no Brasil.

Por conta disso, a água é subutilizada. Hoje, o aquífero serve apenas para fornecer água para cidades do vale amazônico, com cidades como Manaus e Santarém. "O que poderíamos fazer era aproveitar para termos outro ciclo, além do natural, para produção de alimentos, que ocorreria por meio da irrigação. Isso poderia ampliar a produção de vários tipos de cultivo na Amazônia", afirmou Matos.

Para o professor, o uso da água do aquífero deve adotar critérios específicos para evitar problemas ambientais. "Esse patrimônio tem de ser visto no ciclo hidrológico completo. As águas do sistema subterrâneo são as que alimentam o rio, que são abastecidos pelas chuvas. Está tudo interligado. É preciso planejamento para poder entender esse esquema para que o uso seja feito de forma equilibrada. Se fizer errado pode causar um desequilíbrio", disse.

Mesmo com a água em abundância, Matos tem pouca esperança de ver essa água abastecendo regiões secas, como o semiárido brasileiro. "O problema todo é que essa água não tem como ser transportada para Nordeste ou São Paulo. Para isso seriam necessárias obras faraônicas (veja post abaixo). Não dá para pensar hoje em transportar isso em distâncias tão grandes", afirmou. (Fonte: aqui).

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Em maio do ano passado, este blog trouxe o seguinte post, em que são abordadas alternativas para o abastecimento de água:


A solução norte-americana para o problema da água

Por Motta Araújo

Já há muito tempo as duas maiores cidades do Pais deveriam ter projetos prontos pra trazer água de longe. A cultura brasileira no setor de água é de que sendo o Brasil um Pais rico em água doce, toda cidade tem alguma fonte de água por perto, não cabe na nossa cabeça trazer água de muito longe.

Hoje há uma nova realidade. As mudanças climáticas tornaram o ciclo de chuvas muito mais irregular, os reservatórios perto das cidades já não dão conta do abastecimento, a poluição torna inservível a água de algumas fontes.

Está na hora do Brasil criar uma consciência de trazer água de longe, pois essa será uma das soluções para a escassez de água. Os EUA tem 18.293 (km) de canais artificiais construídos há muito tempo para trazer água de longe. O Estado da Califórnia não tem água, precisa trazer do Colorado ou do Oregon, a água viaja por canais ou por dutos de grande diâmetro; lá é algo tão normal que nem se pensa muito nisso. Los Angeles traz água de 650 quilômetros.

No Brasil, por causa da topografia, canais são mais difíceis do que dutos. Aquedutos resolveriam o problema de São Paulo trazendo água de uma distância média de 200 quilômetros, das represas de Jurumirim e Barra Bonita.

Para se ter uma ideia, o sistema de transporte de água por dutos da Líbia, quase pronto, tem 3.700 quilômetros de extensão. Por que será que o Brasil não tem essa cultura e todo mundo vê o problema da água como de difícil solução?

É um dos problemas mais simples de resolver, só depende de investimento, que não é tão grande. (Fonte: aqui).

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"...o sistema de transporte de água por dutos da Líbia, quase pronto, tem 3.700 quilômetros de extensão...". Poderá ser a solução para aquele país - se a guerra tribal lá em curso não comprometer o projeto.


Quanto ao Brasil, seria alarmista o temor de que, no ritmo catastrófico em que o mundo se digladia com o problema da escassez de água potável, viéssemos a ter nossa Amazônia invadida e ocupada por outrem, de olho no aquífero?

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