quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A PETROBRAS E O JOGO ACIONÁRIO


As jogadas em torno da Petrobras

Por Luis Nassif

Há nos mercados o fenômeno recorrente do “overshooting”.

Trata-se de um empurrão dos especuladores em cima de tendências de alta ou baixa de determinados ativos.

O jogo é conhecido desde sempre:
  1. No mercado, existem os estoques (a quantidade total de ações de uma empresa) e os fluxos (as negociações diárias de suas ações).
  2. Em geral, negociam-se diariamente frações ínfimas do capital de uma empresa.
  3. Só que o preço registrado no final do dia é utilizado para precificar todo o estoque de papéis existentes.
O que os especuladores fazem é identificar a fase inicial de alta ou de baixa e acentuarem esses movimentos para baixo ou para cima.

Para cima, o jogo de sedução começa assim.

O especulador identifica um determinado ativo barato. Se está barato, é porque é pouco negociado, tem baixa liquidez. Portanto, bastam poucas operações de compras sucessivas para elevar as cotações, mesmo sendo inexpressivas em relação ao estoque existentes daqueles ativos. Com isso, chama a atenção de novos investidores que passam a “descobrir” o ativo.

Cria-se, então, a bolha. Cada novo investidor compra a ação achando que irá encontrar na frente outro investidor disposto a pagar mais caro ainda pelo papel.

Até o momento que os espertos julgam que o papel bateu no pico. Aí, começam a desovar as ações que compraram. O movimento se inverte e há uma corrida que termina por provocar uma queda acentuada nas cotações.

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Na queda, o movimento é similar, mas em mão inversa.

Há um conjunto de eventos negativos em relação a determinado papel. Torna-se difícil para o não especialista avaliar o peso daqueles eventos, ou das manchetes, no futuro da companhia.

Esse lusco-fusco é o terreno ideal para o “overshooting” para baixo.

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Hoje em dia, há os seguintes fatores contra a Petrobras:
  1. Os efeitos da Operação Lava Jato.
  2. Seus desdobramentos no mercado nova-iorquino, com as ações dos escritórios de advocacia e as investigações da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários local) com implicações sobre a captação de recursos no mercado.
  3. A indefinição em relação ao futuro da diretoria.
  4. A queda nas cotações internacionais de petróleo, afetando as petroleiras como um todo.
  5. A partir de ontem, a crise russa se agravando, trazendo dúvidas sobre o mercado cambial.
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Por outro lado, a Petrobras é uma companhia com produção crescente no pré-sal. Atualmente, grande parte do investimentos está na fase pré-operacional.

A produção do pré-sal começa a aumentar sistematicamente. As refinarias começam a produzir. A empresa já renegociou todos os investimentos que venciam nos próximos meses. O preço de equilíbrio do pré-sal suporta um nível menor de cotação de petróleo.

Além disso, a combinação de preço de petróleo em queda e de dólar em alta melhora a rentabilidade da empresa nas vendas internas.

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Todos esses fatores são ponderados pelos grandes investidores. Na balança, a relação entre a solidez e o futuro da companhia é incomparavelmente maior do que os problemas que enfrenta hoje em dia.

Ao menor sinal de que o cenário está desanuviando, as ações voltarão a recuperar o valor.

Perderão apenas os investidores que entraram em pânico e venderam seus papéis no meio do tiroteio. (Fonte: aqui).

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Pairando sobre tudo, claro, a ameaça contra os interesses nacionais em torno do pré-sal e o regime de partilha.

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