sábado, 13 de setembro de 2014

BRASIL: O PODER DOS BANCOS PRIVADOS


Bancos esnobam oferta de R$ 70 bi do governo para aumentar crédito

Por Cristiane Lucchesi e outros

Os bancos brasileiros, entre eles o Itaú Unibanco Holding SA e o banco Bradesco SA, devem evitar usar a maior parte dos R$ 70 bilhões que o governo colocou à disposição para estimular o crédito e a economia.

"Estamos fazendo o máximo possível de crédito, mas existem situações que não estão tendo demanda. E a gente ouve falar muito que o empresariado está cauteloso, que o consumidor está cauteloso", disse Domingos Figueiredo de Abreu, vice-presidente-executivo do Bradesco, em entrevista por telefone, da sede da empresa, em Osasco.

Depois que a economia mergulhou em uma recessão no primeiro semestre de 2014, o Banco Central eliminou R$ 70 bilhões em depósitos compulsórios e exigências de capital para acelerar o crescimento do crédito, que caiu em julho para 11% em uma base anualizada, o nível mais baixo desde 2004.

Essas medidas poderiam aumentar o crédito em até R$ 310 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg, dando um impulso à presidente Dilma Rousseff na corrida para as eleições do mês que vem.

Mesmo com os fortes incentivos, os bancos estão resistindo a aumentar o crédito. Entre esses incentivos está o fim da remuneração de 11% que eles recebiam sobre os R$ 40 bilhões em compulsórios depositados no BC.

Agora, os bancos podem receber um retorno zero sobre esse dinheiro ou usá-lo para financiar a compra de carros e motos, adquirir carteiras de crédito ou letras financeiras de bancos menores. (Para continuar, clique aqui).

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Situação idêntica aconteceu após a eclosão da crise financeira mundial em 2008/9: o governo estimulou os bancos (com redução do compulsório sobre depósitos, p. ex.), buscando a expansão do crédito, mas os bancos privados simplesmente cruzaram os braços, sob o esperto argumento do risco de inadimplência. Felizmente, o Brasil contava (e conta) com os bancos estatais: BNDES, BB, CEF, BASA e BNB tiveram de cuidar sozinhos da tarefa, e foi então que pela primeira vez os bancos estatais passaram a ocupar o topo do ranking nacional em ativos operacionais (e com inadimplência diminuta!). Em resumo: sem os bancos estatais, o Brasil estaria ferrado até hoje.

Os bancos privados podem esnobar os incentivos oferecidos pelo governo em razão de outro detalhe: os chamados ganhos de tesouraria, principal fatia das receitas extraoperacionais. Eles auferem uma 'grana preta' com a rolagem da dívida pública: compram títulos que rendem Selic e algo mais, e podem ficar de papo pro ar, faturando com essa 'aplicação' 100% segura, bem como com as tarifas e demais ganhos rotineiros. Poderosos pra caramba, hein?

Agora, imagine Itaú, Bradesco e parceiros mandando e desmandando no Banco Central 'independente', como pretende o PSB...

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