terça-feira, 12 de agosto de 2014

O DESREGULAMENTADO MERCADO DE NOTÍCIAS

              "As 7 mulheres de Picasso", Palácio do Correio Velho, Lisboa. 
                 Uma delas estava no pôster citado por Veríssimo

O caso do Picasso

Por Luis Fernando Veríssimo

O caso do Picasso autêntico que era cópia como exemplo de um hábito reincidente de certa imprensa de ver ou fabricar escândalos onde não há nenhum
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O Millôr pulverizou a frase feita “Uma imagem vale mil palavras” desafiando: “Diga isso sem palavras”.

No recém-lançado filme de Jorge Furtado, “O mercado de notícias”, um semidocumentário sobre a imprensa brasileira (clique AQUI para ler sobre o filme), é lembrada a descoberta há alguns anos de um quadro de Picasso numa dependência do INSS, denunciada pela imprensa como um escândalo, prova da ignorância de servidores que não sabiam o tesouro que tinham na parede, e/ou de desperdício indefensável de dinheiro público.

O Picasso do INSS rendeu várias reportagens, e, como se não bastasse a indignação já provocada, o prédio em que estava pegou fogo — ameaçando a preciosa obra! Que, é claro, de preciosa não tinha nada. Era um pôster reproduzindo um retrato de mulher do Picasso como se pode comprar em qualquer loja de museu do mundo, emoldurar e botar na parede gastando muito pouco.

Jorge conta o caso do Picasso autêntico que era cópia como exemplo de um hábito reincidente de certa imprensa de ver ou fabricar escândalos onde não há nenhum —e vá esperar retratação quando a denúncia é desmentida. (...).

Mas o filme de Jorge, com depoimentos de gente como Mino Carta, Bob Fernandes, Jânio de Freitas, Cristiana Lobo, Renata Lo Prete, Fernando Rodrigues, Geneton Moraes Neto, Leandro Fortes, Luis Nassif, Mauricio Dias, Paulo Moreira Leite e Raimundo Pereira, acaba sendo um elogio da nossa imprensa. Se mais não fosse, pela qualidade dos depoentes. (fonte: aqui).

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Depois da revogação da Lei de Imprensa, o Brasil ficou assim: em se tratando de notícia considerada falsa/infundada, não há que se falar em direito de resposta e/ou de reparação - a não ser em cumprimento a determinação judicial, alcançada depois de meses ou até anos de luta no Judiciário. Projeto de lei apresentado pelo senador Roberto Requião sobre direito de resposta permanece nas prateleiras do Congresso Nacional aguardando deliberação. E representantes da mídia já afirmam que o projeto configura atentado à liberdade de imprensa!

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