quarta-feira, 6 de agosto de 2014

EUA: COMO ESTÚDIOS DE CINEMA APOIARAM O NAZISMO


Hollywood nazista

Por Ana Weiss (revista IstoÉ)

Pesquisador mostra como MGM, Paramount, Warner Brothers e Fox apoiaram a ascensão de Hitler adequando seus filmes à propaganda nazista e financiando a produção alemã de armamentos

Adolf Hitler disse em “Minha Luta” que os livros não serviam para nada. Que um escritor jamais poderia mudar a opinião do homem comum. Para o líder, o filme demandava menos do cérebro, exigindo a leitura de no máximo textos curtos: as legendas. Ele mesmo, conta o pesquisador Bem Urwand em “A colaboração”, só parava de falar na frente de um filme, qualquer que fosse o filme. A sétima arte foi eleita por Hitler como a mais importante arma de propaganda nazista. O que o livro do pesquisador australiano, da Universidade Harvard, revela agora é como Hollywood serviu aos interesses do Reich – algo que os grandes estúdios, indústrias altamente lucrativas até hoje, tentaram deletar de sua história.

Jack Warner, da Warner Brothers, por exemplo, tomou a iniciativa de convidar o ascendente partido nazista a participar das decisões das suas produções, antes que elas fossem finalizadas e distribuídas pelo mundo. Ninguém tinha pedido. “Existe um mito que diz que os irmãos Warner lutavam avidamente contra o fascismo, mas eles foram os primeiros a tentar agradar aos nazistas”, descreve o autor, municiado de documentos como cartas, relatórios timbrados e assinados e fotografias dos governos alemão e americano esparsos em arquivos diferentes pelo mundo, que cotejou com algumas dezenas de reportagens de veículos como o “Washington Post”, a “Variety” e a “Hollywood Reporter”. Nas gavetas hollywoodianas, porém, não encontrou mais nada que confirmasse a colaboração de empresas como a Paramount, a Warner e a MGM durante toda a década de 1930 com a propaganda nazista.

Nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, o mercado alemão representava uma fatia gorda do faturamento da indústria cinematográfica americana. Para garantir a distribuição alemã, os estúdios alteraram o conteúdo de filmes a favor da supremacia da raça ariana e cortaram das narrativas personagens de origens judaica, indígena, negra ou ainda mulheres que não dependessem de homens. Jack Warner, que ordenou que a palavra “judeu” fosse retirada de todos os diálogos do filme “A Vida de Émile Zola”, de 1937, entrou para a história como um dos poucos magnatas do cinema americano a resistir ao fascismo, por ter feito “Confissões de um Espião Nazista”. O que o historiador mostra é que mesmo esse longa passou pelo crivo dos auxiliares do Führer – ou seja, o único filme declaradamente antinazista da época mostrava o que os alemães queriam que o mundo entendesse por seus pontos negativos.

Urwand esclarece que o argumento de que as atrocidades cometidas pela Alemanha não eram inteiramente reportadas pela imprensa não procede. Os noticiários transmitiam, sim, a existência de extermínios civis e muitas formas de violência, além dos assassinatos e outros crimes cometidos dentro dos campos de concentração. Ainda assim, a cúpula hollywoodiana – quase toda formada por descendentes de judeus – fez quase tudo o que a Alemanha nazista quis para manter a distribuição de seus produtos e ficar bem com o Reich. Depois da rendição, o governo americano promoveu uma excursão em território alemão com quase todos os grandes de Los Angeles. Os donos de estúdio não se sensibilizaram com o desejo dos vencedores da guerra em pintar a verdade sobre os seus inimigos. Eles tinham na gaveta dezenas de filmes que não haviam estreado. Não tinham por que investir em novos roteiros e produções e por muitos anos abasteceram as salas da Alemanha com os filmes até então banidos com adjetivos como “nocivos” ou “enervantes”. (Fonte: aqui).

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O texto acima foi publicado em IstoÉ, mas optei por colocar como fonte (clique no 'aqui', acima) o jornal GGN, em razão dos vários comentários lá expostos, em especial os que alertam para o fato de que a postura de Hollywood se revestiu de caráter 'pragmático', e não necessariamente ideológico. Em outras palavras, teria pesado o interesse financeiro. Mas outras particularidades merecem alusão, como a 'simpatia' que o nazismo mereceu de fatia ponderável da sociedade americana, até a entrada dos EUA na Grande Guerra. Consta que Roosevelt 'suou' para obter a adesão da massa ao combate a Hitler... (E depois, para fazer com que Getúlio concordasse em declarar guerra ao Reich).

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