domingo, 27 de julho de 2014

A PARTIÇÃO PALESTINA


General Marshall era contra o reconhecimento do Estado de Israel

Por Motta Araújo

O Secretário de Estado do Presidente Truman, o lendário General George Marshall, o grande estrategista aliado da Segunda Guerra, autor do Plano Marshall - que reconstruiu a Europa devastada -, era terminantemente contra a criação do Estado de Israel e lutou tenazmente contra a decisão do Presidente Truman de aprovar o reconhecimento em 29 de novembro de 1947, atendendo a uma máxima pressão do lobby de 26 Senadores pró-Israel no Senado americano.

A decisão do reconhecimento da partição do mandato britânico da Palestina seria, segundo Marshall, um imenso erro político traria um conflito permanente no Oriente Médio. A partição entregou 56% da Palestina a 650.000 habitantes judeus e 44% para 1.300.000 árabes palestinos, dos quais mais de 30% eram cristãos.

Contra a decisão do reconhecimento não estava apenas o General Marshall. mas também todos aqueles que conheciam o Oriente Médio, a nata da diplomacia americana: Robert Lovett, Dean Acheson, Charles Bohlen, George Kennan,  eram a cúpula do Departamento de Estado, nºs 1, 2, 3 e 4, todos se reuniram com Truman em 10 de novembro de 1945 para debater sobre o tema.

David Ben Gurion, primeiro mandatário de Israel, aceitou a partilha contra a vontade, como manobra tática, pois sua intenção era ter toda a Palestina para os judeus, não somente 56%, mas preferiu aceitar na ONU a proposta na mesa, por razões táticas, segundo disse a seu circulo íntimo, detalhes no link abaixo.

Às 0 horas de 15 de maio de 1948, o Exército Britânico se retirou da Palestina e um minuto depois começaram as hostilidades entre árabes e judeus.

O registro completo dessas discussões, negociações, demarches está nas memórias do grande advogado, conterrâneo de Truman em Saint Louis,  Clark Clifford, que veio para Washington junto com Truman assim que este assumiu a Presidência, sendo nomeado muito depois por Truman Secretário da Defesa. Clifford publicou suas memórias, em parceria com Richard Holbrooke, o principal diplomata americano para o Oriente Médio no pós-guerra, memórias que foram publicadas na revista New Yorker em 25 de março de 1991.

Cifford tinha 37 anos quando chegou a Washington, viveu muito e suas memórias são um relato preciso de como se deu a criação do Estado de Israel pelas mãos de Truman, declaradamente por causa do lobby judaico na política americana.

Ao ser interpelado pelos diplomatas, com Marshall à frente, por que iria cometer esse erro, Truman declarou: "Porque eu preciso dos votos dos eleitores judeus e aqui nos EUA não tem eleitores árabes".

Quem quiser maiores detalhes, leia o relato abaixo (em inglês):
http://www.informationclearinghouse.info/article4077.htm

Fonte: aqui.

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O fato é que Israel está lá, como Estado soberano, e toda a Palestina também (embora esta ainda esteja a lutar para converter-se em Estado Pleno), e ambos têm de ser reconhecidos e tratados como tal por todos os Estados do mundo - inclusive, claro, eles próprios reciprocamente.

Pra finalizar: Estado algum deveria ter a prerrogativa de situar-se acima da ONU, a ponto de alguns, como Israel, simplesmente desconhecerem as resoluções dela emanadas (arsenal nuclear, implantação de assentamentos em território palestino...).

Um comentário:

Dodó Macedo disse...

Prezado Adalberto,
Defendo o direito de Israel e da Palestina de serem considerados e tratados dignamente como Estados Soberanos. Discordo, em decorrência, da posição do Hamas, até onde sei contrária à existência de Israel.
Esses dois sentimentos acima expostos são imutáveis, visto que sempre prestigiei, ao longo da vida, o Estado Democrático de Direito e a Direito à Soberania dos Povos.
Mas, presentemente, é inquestionável a constatação de que Israel age ao arrepio da sensatez ao reagir de forma tão execrável às agressões do Hamas. Gaza está encurralada, sem acesso a remédios e água potável, por exemplo, e sob bombardeios que já resultaram em mais de mil mortes, entre as quais centenas de civis e mais de 120 crianças. É gritante, brutal a desproporção da reação israelense.
Quanto às resoluções da ONU, Gurion e Begin podem até ter acatado uma ou algumas, mas algo me diz que ela(s) ia(m) ao encontro de seus interesses. As demais, como a que impõe a retirada israelense dos territórios palestinos ocupados, vêm sendo sistematicamente ignoradas.
Grato por seu comentário.