terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

SOBRE A RESPONSABILIDADE MIDIÁTICA

Santiago. (Cartum produzido em 2013).

Comentário de Sérgio Vianna ao post 'Morte anunciada' - aqui -, de Joel Bueno, reproduzido ontem, 10, por este blog:

A influência da TV aberta na violência difusa
Luis Nassif publica entrevista com o criminalista Antonio Carlos Mariz de Oliveira.

Mariz espantou-se com o nível atual de violência. "Eu entendo a violência do assaltante: ele rouba. Mas e a violência de quem não está sequer praticando crime, mas se torna criminoso de momento, desrespeitando valores? É a banalização do mal. Esse é um problema penal? De repressão? É muito mais grave do que o sistema penal apresenta: é um problema patológico".

Mariz salienta a responsabilidade da TV aberta na criação desse clima, especialmente os telejornais sensacionalistas. Mas não exime também a imprensa escrita dessa responsabilidade.

"A televisão, como mais eficiente sistema de aculturamento, chegando onde a escola não chega, está prestando um desserviço à sociedade brasileira, tornou-se um eficiente meio de desagregação moral. Não porque mostra beijos de dois homossexuais, mas porque mostra que os problemas da vida são resolvidos à bala e o valor argentário é o mais relevante".

"A TV não veio só para o Ibope, mas para servir à sociedade como instrumento de formação. Mas a TV teatraliza, instiga e assinala para a sociedade que a única resposta possível ao crime é a prisão. Então o binômio crime-prisão é visto como sagrado. Ai do Judiciário se não prender naquele caso em que, sem processo, sem julgamento, ela julga culpado.

E a TV faz questão de ir além da lei e ela mesmo aplica penas cruéis, perpétuas, porque o mero suspeito é exposto à execração pública, antes mesmo de estar sendo investigado".

"A mídia pratica isso e nós, em nome da liberdade de imprensa, que é confundida com irresponsabilidade social {ficamos quietos}. A imprensa tem que ter uma responsabilidade social", constata ele.

Denuncia Mariz que o sistema prisional faliu. Há 200 mil pessoas nos presídios ou inocentes ou aguardando julgamento, tornando-se prato feito para o aliciamento pelo crime organizado. Na outra ponta, enormes dificuldades em enfrentar os verdadeiramente criminosos.

Séculos de escravidão, de política resolvida a bala, de vendetas, de jagunços, legaram uma herança quase impossível de ser extirpada.

................
Insuflar a violência certamente tem a ver com (perniciosos) propósitos políticos. A lei de imprensa foi extinta, e o projeto de lei que disciplina o assunto aguarda pacientemente nas prateleiras congressuais... Qualquer reparo que acaso se formule é de imediato rebatido com a onipresente liberdade absoluta de expressão. Sistema de freios e contrapesos? Ponderação  entre direitos fundamentais elencados na Constituição Federal? Nem pensar. E quem discordar não passa de reles censor.

Nenhum comentário: