sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

VENDAS DE NATAL: OS PINGOS NOS IS


Os fatos são os mesmos, mas a versão, quanta diferença

Por Sérgio Saraiva

Os dados e citações aqui contidos são rigorosamente os mesmos da matéria da Folha (de ontem, 26.12.2013), cuja manchete é “Comércio tem Natal mais fraco em 11 anos”.
Se retirada a “bílis negra”, ficaria assim:
Comércio no Natal cresce pelo 11º ano consecutivo. 
Sem crise.
Apesar da crise mundial, no Brasil, o comércio natalino cresce consecutivamente há mais de uma década.
Em 2013, segundo indicador de atividade do comércio da Serasa Experian, as vendas na principal data para o comércio cresceram 8,7% no país (2,7% de crescimento, descontada a inflação), representando um crescimento contínuo desde o início da série em 2003. O levantamento foi feito com base em consultas realizadas na semana de 18 a 24 de dezembro.
Um setor dinâmico.
Os setores de shoppings e E-Comerce tiveram natal dinâmico em 2013. Os shoppings registraram um crescimento de 5% em termos reais. O setor deve encerrar o ano com faturamento de R$ 132,8 bilhões e com mais 38 novos shoppings abertos ao longo do ano. O E-comerce teve um crescimento nominal de 41%. De 15 de novembro a 24 deste mês, as vendas somaram R$ 4,3 bilhões. No ano, o setor deve faturar R$ 28 bilhões, segundo a E-Bit.
Efeito Miami, IPI e Black Friday, podia ser melhor ainda.
Os dados do comércio no natal podiam ser melhores ainda. O consumidor, que espera, normalmente, a entrada do 13º salário para efetuar suas compras, este ano, teve alguns motivos para antecipá-las. Um deles foi o fim da redução do IPI para móveis e automóveis. Outro fator que também contribuiu para um não aumento maior, em dezembro, foi a liquidação conhecida como Black Friday, realizada na última semana de novembro.
Os shoppings tiveram ainda a competição com outlets de Miami e Orlando, que vivem abarrotados de brasileiros. “Os preços lá fora são muito menores e isso é um inibidor de compras, sobretudo no setor de vestiário”, diz Sahyoun, presidente da Alshop.
A inadimplência afastada.
Todo crescimento, principalmente se baseado no crédito, embute o risco da inadimplência. Esse, contudo, não parece ser um risco a curto prazo. As famílias brasileiras se mostram responsáveis nesse sentido.  
Segundo a Alshop, o gasto individual com presentes caiu 10% neste ano. Variou de R$ 35 a R$ 45 nos shoppings populares. E de R$ 75 a R$ 125 nos estabelecimentos de classe média. O crescimento, então, se explica por mais pessoas terem ido às compras, mas gastado menos individualmente.
“O consumidor está menos disposto a comprar e mais preocupado em sair da inadimplência do que contrair novas dívidas”, diz Luiz Rabi, economista do Serasa.
Para 2014, a estabilidade. Mas...
O ano de 2010 - PIB de 7,5%, foi atípico com um crescimento de 15,5% do comércio em dezembro. A análise da série histórica de crescimento do varejo no Natal, no entanto, mostra uma tendência de estabilização.
“Vivemos nos últimos anos uma antecipação forte do consumo, estimulado pela redução das alíquotas de impostos”, diz Nuno Fouto, professor do Provar/FIA.
Segundo Luiz Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop, “A volúpia de compras acabou. As pessoas já compraram o que precisaram e, agora, estão fazendo reposição”.
E para o economista Eduardo Tonooka, “Com os níveis de emprego elevados, não há muito mais espaço para ter mais pessoas ingressando no mercado de consumo”.
O comércio natalino cresce a uma taxa média próxima a 3,3%, a partir de 2008. Logo, 2014 deve repetir 2013.
Mas 2014 tem Copa do Mundo e eleições, e aí...
Agora, para a Folha de São Paulo os fatos são os mesmos, mas a versão, quanta diferença.
(Fonte: aqui).

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