sábado, 14 de setembro de 2013

QUANDO A VOYAGER SAIU DO SISTEMA


Sonda Voyager 1 deixa Sistema Solar e chega ao espaço interestelar

Em uma disputa acadêmica que promete entrar para os anais da ciência, a NASA admitiu oficialmente que a sonda Voyager 1 deixou o Sistema Solar.
 
Lançada em 1977, agora a uma distância de quase 20 bilhões de quilômetros do Sol, a Voyager 1 é o primeiro objeto fabricado pelo homem a chegar ao chamado espaço interestelar, fora da zona de influência da nossa estrela.
 
Os dados indicam que a sonda espacial deixou a chamada heliosfera, a "bolha" de partículas carregadas e quentes que envolvem o Sistema Solar, entrando em uma região mais fria.
 
Os instrumentos da Voyager indicam que a densidade do plasma ao seu redor agora é consistente com as previsões teóricas sobre como deve ser o espaço interestelar.
 
Os dados coletados entre 9 de abril e 22 de maio deste ano indicam que a Voyager 1 está em uma região do espaço com uma densidade de elétrons de 0,08 por centímetro cúbico - os modelos descrevem o espaço interestelar com uma densidade entre 0,05 e 0,22 elétrons por centímetro cúbico.
 
Contudo, os dados mostraram leituras semelhantes desde agosto de 2012 - a conclusão final da equipe é que a Voyager 1 deixou o Sistema solar exatamente no dia 25 de agosto de 2012.
 
É aí que a controvérsia começa.
 
Controvérsia acadêmica
Em maio deste ano, Frank Mcdonald (Universidade de Maryland) e William Webber (Universidade do Novo México) publicaram um artigo afirmando exatamente isso, que a Voyager 1 deixara o Sistema Solar no dia 25 de agosto de 2012.
 
Surpreendentemente, a NASA veio a público e negou a alegação em nota oficial, na qual o cientista-chefe da missão, Edward Stone, afirmava que "é consenso da equipe científica Voyager que a Voyager 1 ainda não saiu do Sistema Solar e nem alcançou o espaço interestelar."
 
Não seria ainda o fim da polêmica.
 
Em agosto de 2013, outra equipe da Universidade de Maryland publicou um artigo revisando os modelos sobre a heliosfera e defendendo que a Voyager 1 saíra do Sistema Solar em 27 de Julho de 2012.
 
Novamente a NASA veio à carga, publicando nota que afirmava que a "Voyager 1 continua dentro da nossa bolha solar".
 
Agora, alguns meses depois, com a publicação de um artigo por seus "cientistas oficiais", com base exatamente nos mesmos dados, a NASA reconhece que a Voyager 1 realmente deixou o Sistema Solar.
 
Quem levará o crédito definitivo pela revelação da nossa primeira nave interestelar, isto só a história dirá.
 
(...)
Naves interestelares terrestres
A irmã-gêmea da nossa primeira sonda interestelar, a Voyager 2, foi lançada um pouco antes, mas ainda não saiu do Sistema Solar - a Voyager 2 foi lançada em 20 de agosto de 1977 e a Voyager 1 subiu ao espaço em 5 de Setembro de 1977.
 
Agora a Voyager 2 está a cerca de 15 bilhões de quilômetros do Sol, mas na direção oposta.
 
Além disso, devido a uma conjunção muito rara de planetas, que permitiram que a Voyager 1 pegasse diversos impulsos gravitacionais, ela viaja mais rápido - cerca de 61.100 km/h, enquanto a Voyager 2 segue a 56.300 km/h.
 
Como ambas são alimentadas por plutônio, elas terão energia para viajar por pelo menos mais uma década, quando então deixarão de transmitir dados e passarão a vagar pelo espaço.
 
As duas sondas levam discos de ouro com descrições do ser humano e da localização do Sistema Solar e da Terra, além de gravações de sons humanos, incluindo saudações em 60 idiomas. (Fonte: aqui).

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Sobre os discos de ouro levados pelas duas sondas, pesquei no Google: 
As sondas Voyager 1 e 2 enviaram para o espaço um disco fonográfico (e a respectiva agulha) de cobre revestido a ouro, intitulado "Sounds of the Earth" (Sons da Terra), com 1.30 minuto, contendo 35 sons naturais (vento, pássaros, água etc.) e saudações em 55 línguas, incluindo portuguesa (de Portugal e do Brasil) Foram também incluídas músicas étnicas, obras de Beethoven e Mozart, e o clássico de rock'n'roll "Johnny B. Goode", de Chuck Berry.
O disco traz instruções de uso e a frase "For makers of music of all worlds and all times" (Para os fazedores de música de todos os mundos e todos os tempos). 

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