segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

GRÉCIA: ECOS DA CRISE

Fotografia mostra centenas de pessoas a tentar chegar à comida que alguns agricultores distribuem. (John Kolesidis - Agência Reuters).

Esta imagem está a correr o mundo

A fome está de volta à Grécia. E esta é a imagem de um país onde a miséria não para de crescer de dia para dia.Há dois dias, os agricultores gregos distribuíram frutas e legumes de graça em frente à porta do Ministério da Agricultura, em protesto contra o aumento dos custos de produção.

Para muitos, foi a única oportunidade de conseguir comida em vários dias. Centenas de pessoas rodearam os caminhões de comida, de mãos estendidas, gritando e implorando pelos alimentos, empurrando-se uns aos outros. É a imagem do desespero dos gregos, que há muito que perderam a vergonha de mostrar que têm fome.

As imagens são impressionantes e, por isso mesmo, estão por todo o lado: nos jornais e agências de notícias internacionais, e também nas redes sociais.

A Grécia tem a segunda taxa mais alta (de desemprego) da Zona Euro (26%) e, de acordo com o instituto de estatísticas do país, viu surgirem 400 mil novos pobres num ano (entre 2010 e 2011). Atualmente, um terço da população vive abaixo do limiar da pobreza.

Citado pela Reuters, o deputado Kostas Barkas, do partido da oposição Syriza, revolta-se: «Estas imagens deixam-me zangado. Zangado por um país que não tem comida para comer, que não tem dinheiro para se manter quente, que não consegue chegar ao fim do mês».

A referência ao frio traz à memória mais um caso que é ilustrativo da miséria que se vive na Grécia: sem dinheiro para combustível de aquecimento, muitas famílias gregas estão a queimar madeira e até mobília para se aquecerem no Inverno. Além de estar a provocar um aumento da poluição em Atenas, estes atos de desespero culminaram já na morte de três crianças, num incêndio em Mesoropi, perto de Salónica.

Também citado pela Reuters, o site grego Newsit escreveu que «estas pessoas não são pedintes. São vítimas de uma crise económica que como um furacão passou e deixou por terra famílias inteiras. São vizinhos que até ontem tinham empregos e uma vida normal. Hoje estas pessoas, engolindo o seu orgulho e dignidade, vão onde quer que seja preciso para encontrar um pouco de comida gratuita, como fizeram aqui». (Fonte: tvi24 - Portugal - aqui).

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Eis o fato deprimente: após o pique da crise mundial, motivada por descalabros decorrentes da competição tresloucada estimulada pelo Livre Mercado, o que se vê são banqueiros e parceiros das elites nacionais em situação confortável (graças, muitas vezes, aos generosos repasses patrocinados pelo Estado), enquanto os mortais comuns se debatem em desespero, castigados pelo desemprego, pela miséria e pela fome.
O Brasil convive com mazelas, é fato, mas também estaria fazendo companhia a Grécia, Portugal, Espanha etc caso não tivesse partido para uma receita heterodoxa de enfrentamento da crise mundial, tão logo ela eclodiu, em 2007/8. Trata-se de mérito do governo brasileiro, que soube seguir contra a corrente neoliberal. 
Enquanto isso, iluminados de toda ordem, inclusive tupiniquins, continuam a tecer loas ao laissez faire... e a torcer contra, é claro...

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