segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SOBRE ECONOMISTAS


De Luis Nassif, em sua análise '"O papel deletério dos 'analistas' econômicos", desta data:

"(...) A atual crise econômica levou a um duro balanço nos Estados Unidos sobre as razões para a opinião pública e especializada não terem previsto o maremoto que se avizinhava. E constatou-se o uso indiscriminado de especialistas acadêmicos contratados para dar uma vestimenta "científica" a teses cujo único objetivo era a de favorecer grandes investidores.

Em geral, eram acadêmicos notáveis, premiados, com teses sofisticadas - embora falsas.

No Brasil, esse jogo de legitimação do mercado se deu com personagens brandindo argumentos primários.

Anos atrás, por exemplo, o IBGE soltou um estudo mostrando que 55% dos aposentados e pensionistas eram arrimo de família, graças ao aumento do salário mínimo.

Significava que, além de amparar seus aposentados, o aumento do SM permitiu grandes avanços na educação, saúde, segurança pública - ao impedir que as famílias se desagregassem, por falta de recursos, seus membros ficassem subalimentados, doentes, as crianças não frequentassem escola e acabassem nas malhas do crime organizado ou de rua.

Em vez de celebrar esses efeitos, a Tendências Consultorias incumbiu um de seus economistas, José Márcio Camargo, de refutar a tese. Camargo pegou então um ex-aluno - que trabalhava no IPEA - e escreveram, juntos, um trabalho tentando demonstrar que o aumento do salário mínimo aumentaria a propensão à vagabundagem por parte dos dependentes de aposentados.

O trabalho não conseguiu demonstrar nenhuma das hipóteses pretendidas. Nas famílias com aposentados era maior o número de jovens estudando, menor os que nem trabalhavam nem estudavam.

No entanto, o trabalho terminava atropelando suas próprias constatações e dizia-se, nas conclusões que, embora não comprovado, havia indícios de que as teses eram corretas.

Hoje em dia, há consenso entre os pesquisadores sérios de que grande parte do avanço econômico brasileiro nos últimos anos se deveu à formação de um novo mercado de consumo, impulsionado pelo Bolsa Família, aumento do salário mínimo, e programas sociais como Luz Para Todos, Pronaf, saneamento básico.(...)"

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Certos 'analistas' se acham iluminados. Fazem lembrar o dito atribuído ao governante francês Georges Pompidou: "Das várias maneiras para atingir o desastre, o jogo é a mais rápida, as mulheres a mais agradável e consultar economistas a mais segura".

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