quinta-feira, 14 de julho de 2011

UM BANCO ESTRATÉGICO


O jornal britânico Financial Times pretendia criticar diretamente o brasileiro BNDES, mas espertamente bolou a estratégia de listar juízos prós e contras (carregando nesses), sem nominar os consultados, é o que se constata da leitura de matéria publicada no Estadão sobre o assunto.

Aspecto positivo: o BNDES empresta e investe em uma base estritamente comercial, mas o apoio da instituição foi fundamental para a criação de grandes conglomerados brasileiros como a Brasil Foods, maior exportador mundial de frango, e a JBS, maior exportador mundial de carne bovina. Segundo o FT, essa 'criação de heróis nacionais' seria uma postura lançada pelo governo Lula.

Outro ponto positivo: o BNDES provê financiamento de longo prazo no Brasil em uma área na qual os credores privados são cautelosos.

Aspecto negativo: os empréstimos concedidos pelo banco na realidade expulsam o setor privado e sua política generosa de crédito ajuda a alimentar a inflação. "O banco empresta a taxas subsidiadas, supostamente prejudicando os esforços do Banco Central de conter a inflação aumentando as taxas de juros", afirma o texto.

Mais um aspecto negativo: os empréstimos nao são estratégicos, pois não favorecem companhias inovadoras ou indústrias de tecnologia intensiva para ajudar o Brasil a produzir e exportar com mais valor agregado.

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Quando veio a crise financeira mundial e, no Brasil, todos os bancos privados restringiram suas aplicações, os bancos estatais é que seguraram as pontas, a ponto de pela primeira vez alcançarem o topo do ranking em volume global de aplicações. Os bancos estatais, à frente o BNDES, foram responsáveis, em parte, pelo sucesso do Brasil.

Há alguns dias, jornais deram conta (sem muito destaque, é fato) de que Barack Obama, refém da banca privada e desolado ante a persistência do marasmo econômico nos EUA, teria lamentado o fato de não contar com um banco tipo BNDES.

Com o perdão pelo exagero, bem-aventurados os Estados que contam com bancos próprios sólidos, consolidados e detentores de expertise!

De outra parte, são perfeitamente compreensíveis os cangapés dos arautos do neoliberalismo diante da ação positiva de agentes como os bancos estatais...

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