sábado, 13 de novembro de 2010

MEU PROBLEMA COM OS JORNAIS VELHOS (E OS NOVOS)


por Luiz Carlos Azenha

Não dou conta de ler todos os jornais que assinei durante o período eleitoral. Tenho preguiça. Os jornais são previsíveis: tudo é culpa do Lula ou do governo federal. Mudam as manchetes, mas o foco é sempre o mesmo. Nem parece que a campanha eleitoral terminou. Os jornais são uma campanha eleitoral permanente. O menu é formulaico: em defesa de menos governo, da redução dos gastos públicos, da redução dos impostos, contra “setores radicais” (sic) do PT, em defesa do Palocci e do Jobim, etc.

Curiosamente, nem os jornais cumprem na prática a enfática defesa que fazem das leis do mercado. Tentei cancelar O Globo. O jornal continua a chegar. Recebi uma ligação: o sr. não pagou O Globo. Respondi: não quero mais receber o jornal, cancele o envio e mande-me a conta até hoje. O jornal fez que não era com ele: mandou um boleto de mês cheio, como se eu quisesse continuar recebendo o jornal. O Globo, aparentemente, não aceita minha decisão de cancelá-lo.

Ligo para o peixeiro de Maresias: fulano, acumulei um montão de jornais velhos aqui em casa. Quando descer, vou levá-los para você. Ele: Olha, agradeço, mas dispenso. Os compradores já não aceitam jornal. Querem papel sem tinta para embrulhar os peixes.

Ligo para o zelador: seo Antonio, tem jornais aqui, o sr. manda buscar e entrega para aquele nosso amigo da carrocinha? Ele: Seo Azenha, ele não leva jornais. Diz que não vale a pena, por causa do peso. Leva papelão, metal ou vidro. Jornal, não.

Ligo para a cooperativa de recicláveis. “Amigo, tenho centenas de jornais velhos aqui em casa. Será que alguém se interessa? “. Resposta: Desculpe, mas nosso problema é portabilidade. Juro que ele falou “portabilidade”. Deve ser um daqueles que receberam dinheiro do BNDES, via governo federal. Depois, explicou:

Ele: Jornal não compensa.

Eu: É, eu cancelei.

Ele: Não vale quanto pesa.

Eu: É, ainda mais com os editoriais…

Ele: É sujo.

Eu: Não, amigo, sujos são os blogs.

Ele: Hein?

Eu: E o Merval, alguém merece?

Ele: Mer… quem?

Eu: O cara do Globo.

Ele: Ah, adoro aquele biscoito.

O resumo da ópera é que continuo com os jornais. Os novos e os velhos. Faz diferença?

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