terça-feira, 13 de abril de 2010

FILIGRANAS A GRANEL


A compulsão por substituir palavras é um troço irresistível. Sempre foi assim, desde os primórdios. Em crônica dos anos 1970, 'Que País é Este?', discorro sobre o assunto, que naquele tempo já era antigo. Qualquer dia resgatarei tal matéria (resgatarei!!, eis a palavra! É que a crônica está em cárcere privado, amordaçada!!).

Mas vamos ao que interessa: um texto pinçado (!) do blog do Luis Nassif, escrito por Antonio Francisco:

(Nos chamados Juizados Especiais) trocaram os nomes de “Autor” e “Réu” para “Promovente” e “Promovido”. Os nomes anteriores passavam a ideia de superpoderes ao “autor” – assim como impunham um desgaste imediato à constituição do processo e, independentemente do julgamento final, ao “réu”.

Mas não deixa de ser engraçado (ou seria trágico?) observar que providências dessas de trocar nomes de coisas no Brasil são mais do que hábito: médicos não dizem que fulano vai morrer, mas que vai a óbito; bunda foi substituida por traseiro ou bumbum, para ser escrita nos jornais e falada nas TVs; menor não é “preso”, mas “apreendido”, e por aí vai.

Espera-se que o “promovido” nesses processos não fique se achando.
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Em resumo: tudo como dantes no quartel de abrantes.

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